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“A prática do amor é o antídoto mais poderoso contra as políticas de dominação”

bell hooks

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Conceito

erōtikós é um documentário que amplia as mitologias de Eros e fala de amor, sexualidade e erotismo em eixos clínicos, estéticos e políticos.

Com uma equipe de mulheres que se propõem a investigar a eletricidade que nos move, acende e potencializa, o projeto cria novas narrativas eróticas a partir de conversas com artistas e pesquisadores que respondem às perguntas "como você se chama?" e "o que te (é) chama?", sustentadas pela escuta íntima da psicóloga e diretora do projeto Maíra Scombatti.

Durante a produção e a captação de recursos para o filme, partes das entrevistas estão sendo disponibilizadas em podcasts disponíveis nas principais plataformas.

Para saber mais sobre o projeto e acompanhar nossos grupos de pesquisa e eventos relacionados, acompanhe nossas postagens no Instagram.

Entrevistas

“O erotismo é uma das bases do conhecimento, tão indispensável quanto a poesia.”

Anaïs Nin

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    Abhiyana

    Escritora e podcaster

    Literatura erótica e "Textos Putos"

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      Carmen Faustino

      Poeta, escritora e gestora cultural

      De Audre Lorde ao Estado de Libido

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        Céu Cavalcanti

        Psicóloga, pesquisadora e presidente do CRP - RJ

        Transições, mitologias Iorubás, e o erotismo na clínica não binária

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          Eliane Robert Moraes

          Professora universitária e pesquisadora

          Literatura erótica, excessos e avessos

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            Gal Oppido

            Artista Visual

            Caligrafias sensitivas e arte erótica japonesa

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              Indra Haretrava

              Artista travesti, curadora do Love Cabaret

              Erotismo, contraste e consciência

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                Janaína Leite

                Dramaturga, diretora e pesquisadora

                Dramaturgia, pornografia e erotismo

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                  Pedro Ambra

                  Psicanalista, professor e pesquisador

                  As subversões do erótico

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                    Pema e Thiago

                    Idealizadores do espaço Intimidade Consciente

                    Intimidade, consciência e relacionamento vivo

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                      Viviane Mosé

                      Filósofa, professora, poeta e psicanalista

                      O erotismo na poesia e na filosofia de Georges Bataille

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                        Alexandre Coimbra Amaral

                        Psicólogo e terapeuta de casal e famílias

                        A escuta do amor e do erotismo na clínica

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                          Catarina Gushiken

                          Artista Visual

                          Caligrafias sensitivas e arte erótica japonesa

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                            Dora Selva

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                            A pelve e o movimento erótico

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                              Estela Lapponi

                              Performer, videoartista e terrorista poética

                              Sexualidade e erotismo no corpo DEF

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                                Geni Nuñez

                                Psicóloga e pesquisadora

                                Amor, sexualidade e erotismo em relações descolonizadas e a partir da cosmogonia Guarani

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                                  Isabel Dias

                                  Escritora, palestrante e podcaster

                                  Sexo e erotismo têm prazo de validade?

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                                    Lenna Bahule

                                    Cantora, arte educadora e ativista cultura

                                    Voz, amor, erotismo e narrativas moçambicanas

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                                      Pedro Musa

                                      Psicólogo e psicanalista

                                      Sexualidade e erotismo no corpo DEF

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                                        Renato Noguera

                                        Filósofo, professor e pesquisador

                                        Amor e erotismo nas mitologias africanas, gregas e asiáticas

                                        Conheça nossa equipe

                                        “Gosto do entusiasmo das pessoas falando de coisas que elas amam”

                                        Autoria desconhecida

                                        Eventos e Cursos

                                        Iniciativas complementares ao projeto

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                                          Show erotikós em sons

                                          Show com Lenna Bahule e Maria Luana
                                          Participação especial Flávio Tris

                                          Redoma Bixiga - 23/11/23

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                                            Eros em cena

                                            Evento com Maíra Scombatti
                                             

                                            Online - 24/11/23

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                                              Erotismo e Artes Visuais

                                              Grupo de estudos com Guta Galli
                                               

                                              Online - De Abril/24 a Junho/24

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                                                Erotismo e transgressão

                                                Aula poética com Viviane Mosé
                                                 

                                                BONA Casa de Música SP - 19/06/24

                                                Depoimentos

                                                Algumas das mensagens recebidas publicamente

                                                Argumento

                                                “O erotismo é a poesia do corpo assim como a poesia é o erotismo da linguagem”

                                                Octavio Paz

                                                O que é o erótico?

                                                O dicionário nos conta sobre um adjetivo relativo ao erotismo, o que tende a provocar amor ou desejo sexual e o que trata do amor sexual e o descreve. Sua etimologia é grega (erōtikós) e se relaciona à figura mitológica de Eros.

                                                Também descrito como deus do amor, ainda em narrativas gregas, Eros pode ser filho de Afrodite (Vênus) ou ser um dos deuses primordiais nascido do Caos. Pode ser uma das forças que envolve o Cosmos e é preferido pelos olímpicos quando estes não querem mais se submeter a Ananke (necessidade). Pode ainda ser companheiro de Psiquê em suas jornadas ou o cupido romano que flecha novos amantes. Nas racionalidades platônicas, pode ser filho de Poros (riqueza) e Penia (penúria). Suas origens não são únicas, mas suas forças potencializam o encontro, a fusão, o vínculo e a criação.

                                                Ainda que as mitologias mais difundidas no ocidente sejam as greco-romanas, imagens de Eros podem ser acessadas em diferentes narrativas e cosmogonias.

                                                Como força de adesão, se alinha com a visão do pensamento chinês no hexagrama 30 do I Ching (o livro das mutações): O luminoso (Aderir), representado pelo fogo, fala da vida como vínculo e como tudo que é vivo precisa aderir a algo.

                                                 

                                                “Há um lugar onde chegar
                                                Um estado, uma postura
                                                Onde tudo se completa.
                                                Há, sim, um lugar, uma alegria
                                                Onde não há mais letra
                                                Apenas mãos que se dão 
                                                E não birra. Há um ponto
                                                De fusão, onde tudo se abraça
                                                E já não há mais frio
                                                Na alma, apenas o calor
                                                Do sagrado e do amor
                                                A aderir o que separa”
                                                Viviane Mosé

                                                 

                                                Na mitologia Iorubá, Eros não é facilmente relacionável a um único orixá, mas a potência erótica é visível em diversas imagens como nos inícios de Exu e da Pomba Gira, na beleza de Oxum e no fogo de Xangô. 

                                                 

                                                Na cultura Dagara, amar é escutar e um convite ao percurso da intimidade. Em narrativas Guarani, o deus Lua, Djatchy, mobiliza o amor e nos convida ao descanso também. E muito ainda podemos ampliar as compreensões sobre Eros pesquisando diferentes cosmogonias e representações.


                                                “Amar é querer aprender, ensinam-nos os gregos. 
                                                A esse aprendizado, soma-se outro fundamental, 
                                                desta vez proveniente de culturas afro-indígenas: 
                                                amar não é uma emoção individual, mas coletiva”
                                                Renato Noguera

                                                Junto à diversidade das imagens, quando falamos sobre o erotismo da fusão também lidamos com a supressão do limite, a suspensão da moral e potencialização dos corpos. O erótico também ameaça a ilusão de controle e, portanto, é constantemente reprimido em sociedades dogmáticas, patriarcais, colonizadoras e colonizadas. Não há estrutura de gestão da vida, de exercício do poder, que não passe pelo governo dos desejos.

                                                 

                                                E esse governo, quando opressor, se serve de uma série de discursos para se consolidar e colonizar os corpos desejantes. Corpos desvitalizados são mais facilmente dominados, deprimidos e diminuir o acesso ao erotismo facilita qualquer dominação. O oposto disso pode ser vivido no despertar do corpo político que pode se potencializar a partir da liberdade erótica.


                                                “O erótico é esse cerne dentro de mim. 
                                                Quando liberado de seu invólucro intenso e constritor, 
                                                ele flui através de minha vida, 
                                                colorindo-a com o tipo de energia que amplia e sensibiliza 
                                                e fortalece toda minha experiência. (...) 
                                                A sabedoria erótica nos empodera”.
                                                Audre Lorde

                                                Ao mesmo tempo, junto às relações com a força e a pulsão de vida, o erotismo também transitará em nossas pulsões de morte. A propria supressão dos limites para a fusão pode flertar com as pequenas mortes (petite mort descreve a experiência orgástica em francês) e evidenciar também nossas faltas, especialmente se estiver misturado ao romantismo.

                                                 

                                                Romper limites que antes definiam ou contornavam um corpo pode acessar a angústia humana, mas pode igualmente ampliar espaços para o novo e para o além do nosso umbigo.

                                                 

                                                “Quem é o verdadeiro sujeito da maioria dos poemas de amor? 
                                                Não é a pessoa amada. É aquele buraco” 
                                                Anne Carson

                                                Outra reflexão constante em pesquisas sobre o erotismo passa pela diferenciação entre o que é erótico e o que é pornográfico. Nunca será pacífica essa fronteira e todo tipo de complicação moral e estética entra em cena na hora de separar um conceito do outro. O que é erótico para um pode ser pornográfico para outro e pode ser interessante questionarmos o que de fato é importante diferenciar: a produção erótica ou pornográfica (seja em livros, filmes, músicas ou em qualquer arte visual) está a seviço da potencialização dos corpos ou da lógica colonialista e patriarcal? 

                                                 

                                                Por fim (ou por inícios), a experiência erótica também se relaciona aos processos de investigação. Assim como a pesquisadora Anne Carson, “eu gostaria de entender por que essas duas atividades, apaixonar-se e passar a conhecer, me fazem sentir tão viva. Existe nessas atividades uma espécie de eletricidade. Elas não se parecem com mais nada, mas se parecem uma com a outra. Como?”. 

                                                 

                                                erōtikós se propõe a investigar essa eletricidade que nos move e acende. Refletir sobre o erotismo como uma fonte de resistência, de transformação social e transgressão com o que nos oprime e despotencializa. Ampliar as cosmogonias de Eros para descolonizar nossos corpos e, nas palavras de Geni Núñez, reflorestar nosso imaginário e nossos desejos.

                                                 

                                                Que tenhamos espaços de pesquisas e experimentações... e que sejam também poéticas as descobertas.

                                                Apoio / Co-produção

                                                Screen Shot 2023-05-25 at 14.45.43.png
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                                                Bibliografia

                                                “O desejo se move. 
                                                Eros é um verbo”
                                                Anne Carson


                                                AMBRA, Pedro (org). "As subversões do erótico". Cult, 2022.
                                                BATAILLE, Georges. "O Erotismo". São Paulo: ARX, 2004.
                                                CARSON, Anne. "Eros: o doce amargo". Tradução de Julia Raiz. 1a ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022.
                                                DESPENTES, Virginie. "Teoria King Kong". N-1 edições, 2016.
                                                GALASSO, Roberto. "As núpcias de Cadmo e Harmonia". Companhia das Letras, 1990.
                                                GONZALES, Lélia. "Racismo e sexismo na cultura brasileira" - artigo publicado no livro "Pensamento feminista brasileiro", de Heloisa Buarque de Holanda (org). Editora Bazar do Tempo, 2019.
                                                HAN, Byung-Chul. "Agonia do Eros". Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
                                                HILLMAN, James. "Loucura cor de rosa ou por que Afrodite leva os homens à loucura com pornografia?" Cadernos Junguianos, 2007.
                                                HOOKS, bell. "Tudo sobre o amor: novas perspectivas". São Paulo: Elefante, 2020.
                                                LEITE, Janaína. "Ensaios sobre o feminino e a abjeção na ob-scena contemporânea". Tese (Doutorado em Teoria e Prática do Teatro) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.
                                                LORDE, Audre. "Usos do erótico: o erótico como poder".  Original. Use of the Erotic: The Erotic as Power, in: LORDE, Audre. Sister outsider. New York: The Crossing Press Feminist Series, 1984.
                                                MARCUSE, Herbert. "Eros e civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud". Tradução de Álvaro Cabral, 8 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
                                                MICHAELIS: Dicionário brasileiro da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2022.
                                                MOSÉ, Viviane. "Calor". Rio de Janeiro: Usina Pensamento, 2017.
                                                MOSÉ, Viviane. "Frio". Rio de Janeiro: Usina Pensamento, 2017.
                                                MOSÉ, Viviane. "O amor primordial - e agora?". YouTube, 2022.
                                                NOGUERA, Renato. "Por que amamos? O que os mitos e a filosofia têm a dizer sobre o amor". Rio de Janeiro: Harper Collins, 2022.
                                                NÚÑEZ, Geni. "Monoculturas do pensamento e a importância do reflorestamento do imaginário". ClimaCom – Diante dos Negacionismos [online], Campinas, ano 8, n. 21. novembro 2021.
                                                NÚÑEZ, Geni. "Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar". Editora Planeta, 2023.
                                                OPPIDO, Gal e GUSHIKEN, Catarina. "Caligrafias Sensitivas". Editora Reviver, 2021.
                                                OSHO. "Tantra, amor e meditação". Editora Ícone, 2018.
                                                PAZ, Octavio. "A dupla chama: amor e erotismo". Editora Siciliano, 1995.
                                                PEREL, Esther. "Sexo no cativeiro". Editora Objetiva, 2007.
                                                PEREL, Esther. "Casos e Casos: repensando a infidelidade". Editora Objetiva, 2018.
                                                PRECIADO, Paul B. "Um apartamento em Urano: crônicas da travessia". Editora Zahar, 2020.
                                                REICH, William. "A função do orgasmo". Editora Brasiliense, 1994.
                                                REICH, William. "Análise do Caráter". Editora Martins Fontes, 2001.
                                                SAFATLE, Vladimir. "Falar de sexo: clínica, estética e política". Curso do IPUSP, 2021.
                                                SOMÉ, Sobonfu. "O espírito da intimidade: ensinamentos ancestrais africanos sobre maneiras de se relacionar". Odysseus, 2009.
                                                SOLNIK, Alexandre. "Pobreza e Recurso geram o Amor". Mitologia - Vol. 1. Abril Cultural - Mitologia Greco-Romana. ed.Abril, 1973

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